As línguas de prata no chão se transformam em cobras, ásperas e cor-de-prata. Unhas longas e pontiagudas assimétricas nas mãos apontam, indicam, sinalizam. Ornamentos, ondas ou calor de azul, amarelo, roxo e vermelho. Laysa (Brasil, 1991) é artista, rapper, cantora e compositora com o atual ‘India’ e o single ‘Magia Negra Remix''. Tem início de seu repertório no ano de 2016 com o álbum ‘129129’ seguido pelos singles ‘Panda’ e 'Solitaria' de 2018, ‘Gatilho’ e ‘Bio’ eps, ambos de 2019. Do conjunto das composições de Laysa, ao longo de seis anos de trajetória, a artista faz uso da música para atravessar problemáticas e desdobramentos da vivência ao criar um território de afirmação e celebração, assim como, ao mesmo tempo, esquecimentos e silêncios.
Urgente, Laysa ultrapassa limites dicotômicos, ao incorporar em ritmo, narrativa e dicção as suas transformações, compreensões cotidianas e lugares de conhecimento sobre si e o mundo. Dicção-serpente, que senão o dragão, que senão a cobra, que senão a lua. Corpo transmissível, a língua é o útero da comunicação. Em sua música, percebo o constante fluxo entre a informação e a mensagem, reverberando a comunicação e presença de corpo que se escuta ora em sentimento de semelhança e ora de diferença. Se tocamos a diferença, tocaremos naquilo que não há: nesse percurso meu pensamento se interessa já na minha possibilidade de interdição: só se revoluciona em movimentos as corpas, se inteira.