Nascida em Belo Horizonte, em 1989, Flávia Ellen, cantora, compositora e ativista cultural mineira, descobriu, ainda criança, o violão. Aos 14, compôs sua primeira música. Mas foi em 2009 que deu início à sua carreira autoral.
Indicada ao Prêmio Nova Canção (Canal Multishow, 2013), a cantautora participou do quadro Mulheres Que Brilham (Programa Raul Gil/SBT, 2014) e de importantes festivais e projetos de música, como: Festival de Música e Poesia de Paranavaí/PR, Inverno Cultural da Universidade Federal de São João Del Rei, Festival da Canção de Andradas, Descontorno Cultural (Prefeitura de Belo Horizonte - PBH), 1º Festimúsica de São José dos Campos/SP, Sonora - Festival Internacional de Compositoras, Música na Varanda (Cine Theatro Brasil Vallourec), Mostra Sêla e diversos saraus em Belo Horizonte.
Desde seu primeiro trabalho, um EP com 5 composições próprias lançado em 2015 e elogiado por Sérgio Santos, Chico Amaral e Déa Trancoso, a artista desenvolveu sua música até encontrar uma identidade.
Tendo como principal ideia o fomento ao mercado de mulheres na música, foi com essa intenção que, em 2016, nasceu o Coletivo Mulheres Criando, fruto da união da artista com as companheiras Bia Nogueira, Amorina e Deh Mussulini. O grupo foi vencedor do Prêmio Profissionais da Música 2018 na categoria Projeto Cultural Musical e tem como pauta a promoção da mulher na música, tirando da invisibilidade as profissionais que trabalham na indústria musical. O resultado de todo esse processo pode ser visto na Mostra Mulheres Criando e na realização do Festival SONORA - Festival Internacional de Compositoras que já ultrapassa mais de 10 edições realizadas no Brasil e no exterior.
Para a cantora, a partir da mobilização, as mulheres que trabalham no mercado musical tomaram consciência das desigualdades e da invisibilização histórica. “Houve a percepção de que cabe a nós valorizar e inserir mais mulheres no mercado. Não viria de outro lugar essa atitude. Desde então, percebo uma maior união entre as mulheres, um crescimento dos trabalhos feitos em parceria e outras iniciativas que contribuem para isso”, relata.
O trabalho direto com mulheres passou a ser a potência da sua arte. Como fruto dessa união, lançou, em 2016, o projeto audiovisual “Canta Comigo?”, em que cantava suas composições e as de suas convidadas em pontos turísticos de BH. Em 2017, Flávia foi convidada pela escritora Laura Conrado a fazer uma música para seu livro. “Na Minha Onda”, lançado pela Globo Alt, originou o axé “Filme de Amor”.
Em 2019, nasceu “Desperta”. O adjetivo ou verbo imperativo não é somente o nome do novo CD de Flávia Ellen. É também a forma como ela se entende no mundo e um convite para quem deseja passar por um profundo processo de autoconhecimento.
Depois do primeiro EP feito em 2015, a artista retorna com 10 composições autorais, escritas nos últimos 10 anos, e uma sonoridade que mistura pop, blues e MPB. “Essa mistura se parece mais comigo, porque comunica fácil, é extrovertido. Mas não acredito em verdades postas. Tudo isso pode mudar, eu vejo a arte como metamorfose”, conta.
Produzido apenas com recursos próprios, “Desperta” reúne nomes consagrados e de todas as gerações da música mineira, como o saxofonista e compositor Chico Amaral, autor de sucessos da banda Skank, o produtor musical Richard Neves, que também é tecladista do Pato Fu, e a rapper Tamara Franklin, além de outros excelentes músicos.
Com influências musicais de artistas que vão de Marisa Monte a Elza Soares, chegando a Nina Simone e Amy Winehouse, e poéticas de Clarice Lispector, o último disco da cantautora traz inúmeras provocações, com abordagens sobre relacionamento abusivo, tomada de consciência sobre sexualidade, amadurecimento pessoal e percepção da mulher no mundo. “São canções que falam sobre o amor, mas de forma diferente. É um amor mais ativo, voraz, destinado a outras mulheres, a mim mesma e ao mundo”, explica.
“Desperta” chega então para falar da relação de Flávia Ellen com ela mesma, das suas descobertas e do seu aprimoramento, mas também é um chamamento a todos, em especial às mulheres, para se atentar às realidades de opressão, desigualdades e ter empatia pelas diferenças. “Para mim, se existir uma mulher apenas que se identifica com o que canto, e essa identificação a ajudar de alguma forma, já valeu todo o investimento. Não existe nada mais bonito do que ver uma mulher despertar, se sentir dona de si, se compreender”, conclui.
Em 2020, Flávia lançou, junto com a cantora e compositora Paula Oliveira, o single “Um Pouquinho de Sal”. A música é uma versão feita por Paula para a canção Un Poquito de Sal, da argentina Cata Raybaud. “Um Pouquinho de Sal” fala do amor livre de duas mulheres, e a identidade sexual é um dos motivos pelos quais as artistas brasileiras se identificaram com a canção.
Para 2021, Flávia se prepara para lançar sua nova marca “DENGO”, que engloba vários projetos culturais e musicais, como o Circuito Saraus das Estações, o Sarau Dengo, o Bloco do Dengo e a retomada do projeto Canta Comigo. Além disso, está na pré-produção de um EP que será lançado no inverno.
A única certeza é que a artista continua se reinventando e traçando sua caminhada mesmo distante fisicamente do público.