Aqui ninguém perde tempo, é direto ao ponto. O podcast do GLOBO, publicado de segunda a sexta-feira às 6h, aborda os principais temas do Brasil e do mundo, para que você compreenda tanto os desafios da economia e os trâmites da política, quanto as inovações tecnológicas e a efervescência cultural. É muito? Os jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, apresentadores do AO PONTO, encaram o desafio. A cada episódio eles recebem convidados para uma conversa sobre os acontecimentos mais relevantes do dia.
O contexto atual de transformações econômicas, políticas e tecnológicas exige uma discussão profunda sobre o papel dos Bancos Centrais e sobre a evolução das formas de dinheiro e meios de pagamento. São temas essenciais para entendermos as dinâmicas financeiras que impactam na vida de cada cidadão e nas estratégias nacionais e globais para a estabilidade e o crescimento econômico. Nesta edição do E AGORA, BRASIL?, a quinta e última de 2023, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, falou sobre o que esperar sobre o dinheiro no futuro, o PIX, o anúncio do DREX e como é possível alinhar segurança às novas tecnologias. A política monetária brasileira também foi tema da conversa, que teve mediação de Míriam Leitão, colunista do GLOBO, e Alex Ribeiro, colunista do Valor Econômico. Este episódio de Podcast é um resumo do debate. O E AGORA, BRASIL? é uma realização dos jornais O GLOBO e Valor Econômico, com patrocínio do Sistema Comércio através da CNC, do Sesc, do Senac e de suas federações.
25/11/2023 • 30:36
A menos de um ano das eleições municipais, governo e oposição deixam à mostra suas estratégias para garantir o maior número possível de governos locais e comandos de Câmaras Municipais. No caso do governo federal, o Palácio do Planalto tem usado os meses finais de 2023 para estreitar suas relações pelo país. Um instrumento para isso é a chamada "caravana federativa", formada por representantes de ministérios e órgãos públicos, que tenta levar serviços e orientações aos municípios e, em consequências, pavimentar a relação com os políticos locais. A resposta da oposição, capitaneada pelo PL, partido de Jair Bolsonaro, foi imediata. O presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, barrou a participação de filiados nos atos do governo federal, depois que vários de seus aliados foram vistos nos comícios. O Planalto, por sua vez, nega que a iniciativa tenha caráter eleitoral, apontando que o objetivo oficial é facilitar o trabalho da burocracia local e destravar projetos. O objetivo do PL é ambicioso para 2024: conquistar mais de mil prefeituras pelo país, mas ainda não se sabe qual papel o ex-presidente Bolsonaro terá na campanha. Ele é alvo de uma série de processos, incluindo os relacionados aos ataques de 8 de janeiro em Brasília, e ainda não se sabe a extensão dos danos à imagem dele e da própria oposição. Já o PT tentará se recuperar do mau desempenho em 2020, quando não elegeu nenhum prefeito de capital e conseguiu apenas 183 municípios, ficando atrás de dez outros partidos. A prioridade é ter candidatos próprios em municípios com mais de 100 mil habitantes, porém também sinalizou que vai apoiar aliados em capitais como Rio, onde o apoio deve ser a Eduardo Paes (PSD), São Paulo, com apoio a Guilherme Boulos (PSOL), e Recife, com o atual prefeito, João Campos (PSB). Nesta quarta-feira, o último Ao Ponto analisa as ações de Lula na tentativa de ampliar sua base de apoio entre os municípios, e também como a oposição pretende reagir. No episódio, o repórter Bruno Góes, da sucursal de Brasília, explica o que são as caravanas federativas, e o cientista político e professor do Insper, Carlos Melo, destaca a importância das votações municipais, especialmente para o chamado Centrão.
08/11/2023 • 25:44
Já se passou um mês desde o início do conflito entre Hamas e Israel, uma guerra que provocou mais de dez mil mortos, dezenas de milhares de feridos e que, além de ameaçar a segurança regional do Oriente Médio, deve produzir seus impactos também na eleição presidencial nos Estados Unidos. A votação acontece daqui a um ano, e, neste momento, o cenário mais provável é de uma disputa entre o presidente Joe Biden, democrata, e o republicano (e ex-presidente) Donald Trump, repetindo o cenário da última eleição. para uma revanche da última eleição. Israel é um dos poucos temas de política externa que rende ou tira votos nos Estados Unidos, e Biden vem demonstrando apoio aos israelenses, seja através de declarações públicas, envio de armas e a fuga de uma pauta que vem ganhando corpo mundo afora: um cessar-fogo na Faixa de Gaza. E ao mesmo tempo em que ele consolida essa posição pró-Israel, o discurso da Casa Branca não agrada eleitores progressistas e de algumas parcelas da população, como os árabes-americanos, que deram apoio maciço a Biden em 2020. A guerra é mais uma questão em uma longa lista de alertas dentro da campanha do democrata, a começar pela economia. O Bidenomics, como o presidente vem se referindo às suas ações, não entusiasma os americanos, e é fator crucial no derretimento de sua candidatura nas pesquisas. No fim de semana, uma pesquisa do New York Times mostrou Biden atrás de Trump em cinco dos seis estados mais decisivos na disputa pela Presidência dos EUA — em 2020, ele venceu nestes estados. Do lado republicano, Trump, que deve ser o indicado do partido, se apresenta como o candidato "mais pró-Israel", e frequentemente destaca suas ações quando presidente, como a mudança da embaixada para Jerusalém. Contudo, algumas falas depois do início do conflito, como as críticas ao Benjamin Netanyahu, primeiro ministro de Israel, levantaram algumas questões entre seus apoiadores. Isso sem contar a longa lista de problemas dele com a Justiça. O Ao Ponto desta terça-feira discute os impactos da guerra entre Israel e Hamas nas eleições do ano que vem nos EUA. E quem detalha até que ponto o conflito pode ser decisivo na hora do voto, um ano antes da eleição, é Carlos Gustavo Poggio professor do departamento de ciência política, do Berea College, nos Estados Unidos.
07/11/2023 • 24:58
Diante de um governo em que as mulheres são minoria nos cargos de destaque, Rosângela Lula da Silva, a Janja, tem tentado ressignificar o papel da primeira-dama. A paranaense de União da Vitória com frequência se pronuncia sobre temas prioritários do Planalto, e chegou a ser apontada pelo jornal frânces Le Monde como uma "vice-presidente" informal" de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Mas essa influência e presença na vida pública também resultaram em críticas, vindas de adversários de Lula, das redes sociais e até de integrantes do próprio governo. Mas isso não parece intimidá-la, tampouco interfere nas suas próprias pautas sociais e políticas. Uma dessas iniciativas é a luta contra o feminicídio — no dia 31 de outubro, Lula sancionou uma lei lei que cria uma pensão especial para filhos e dependentes, menores de 18 anos, de mulheres vítimas desse crime. Apesar de ser uma figura pública de destaque, Janja não costuma dar entrevistas à imprensa — uma das poucas exceções foi para a repórter Jeniffer Gularte, para a revista ELA, do GLOBO. Uma conversa na qual ela contou alguns dos detalhes desses pouco mais de dez meses no Palácio da Alvorada, dos desafios enfrentados nesse período e revela alguns detalhes de sua vida particular com Lula. No Ao Ponto desta segunda-feira, Jeniffer Gularte conta os bastidores da conversa com Janja, ocorrida no Palácio da Alvorada e que teve um ensaio fotográfico assinado por Bob Wolfenson. Ela fala ainda sobre como Janja encara temas espinhosos, como a divulgação de fake news em redes sociais, o papel das mulheres no governo Lula e também como usa a moda como forma de transmitir mensagens sobre causas por ela defendidas. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
06/11/2023 • 30:55
Os cigarros eletrônicos, também conhecidos como vapes ou pods, voltaram a protagonizar debates de saúde pública e até de política tributária: a venda está proibida no Brasil desde 2009 pela Anvisa, mas não é difícil encontrar equipamentos e insumos em lojas especializadas, e seu consumo está em alta no país. A Anvisa já discute uma reavaliação da decisão de 14 anos atrás, e escuta argumentos de todos os lados, incluindo da indústria do tabaco e associações médicas. No ano passado, o corpo técnico da Anvisa orientou manter a proibição, e existe a expectativa de que seja realizada uma consulta pública até o fim deste ano Pelo lado político, tramita no Senado um projeto de lei (PL), de autoria da senadora Soraya Thronicke (Podemos - MS), que propõe o estabelecimento de regras para produzir, vender, importar e exportar os vapes — um argumento para a defesa do texto é o impacto nas contas públicas, uma vez que seria uma importante fonte de arrecadação. Segundo estimativas, o valor anual poderia superar os R$ 2 bilhões. Os defensores da regulamentação dos vapes alegam que ele é menos nocivo do que os cigarros tradicionais, e até usam decisões de agências de outros países, como do Reino Unido, para defender essa posição. Contudo, esse argumento é refutado por especialistas e pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Entidades médicas também se posicionam contra o texto — a Associação Médica Brasileira (AMB), declarou que a proposta é um "desserviço aos cidadãos". No Ao Ponto desta sexta-feira, o repórter Bernardo Yoneshigue faz uma análise dos planos para regulamentar (ou manter a proibição) os cigarros eletrônicos no Brasil, e traz os principais argumentos dos especialistas da Anvisa, de organizações médicas e do setor tabagista.
03/11/2023 • 21:34
Em um café da manhã com jornalistas na última sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que seria "muito difícil" zerar o déficit das contas públicas em 2024, uma meta estabelecida pela equipe econômica e que mesmo antes das declarações de Lula vinha causando um debate intenso dentro do governo. A equipe econômica, liderada por Haddad, havia proposto zerar o déficit em 2024 — com uma margem de tolerância de 0,25% do PIB, para mais ou para menos. Um dos grandes desafios para a Fazenda é a elevação da arrecadação federal, que vem registrando queda no final do ano, apesar da economia estar crescendo em um ritmo acima do esperado. Segundo estimativas do mercado, o déficit esperado para 2023 é de R$ 110 bilhões, cerca de 1,1% do PIB, e há expectativa de que o número fique em R$ 84 bilhões no ano que vem, cerca de 0,8% do PIB, valor bem acima da margem prevista pela equipe econômica. Contudo, alguns setores do governo defendem que a meta seja modificada, e preveja um déficit maior do que a margem da tolerância, de até 0,75% do PIB. Os argumentos para tal decisão, que precisaria ser enviada e referendadas pelo Congresso, incluem a necessidade de gastos públicos, como os do novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), cujas promessas de investimento chegam a R$ 1,3 trilhão até 2026. Ontem, uma reunião chegou a ser marcada entre Lula, Haddad e lideranças do Congresso, mas segundo o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o tema não esteve sobre a mesa no Planalto. Nos bastidores, alguns aliados e integrantes do governo afirmam que a mudança das metas é dada como certa, a grande questão é saber como ela irá mudar. O Ao Ponto desta quarta-feira fala das muitas pontas soltas no debate sobre a meta fiscal do ano que vem, e quais são as posições que estão ganhando mais força dentro do Planalto e da Esplanada dos Ministérios. Neste episódio, o repórter especial Alvaro Gribel detalha os argumentos de lado a lado, o que dizem as lideranças no Legislativo e como o ministro Fernando Haddad está relativamente isolado na defesa do déficit zero em 2024.
01/11/2023 • 19:06
A guerra entre Hamas e Israel entrou na quarta semana com a maior série de bombardeios israelenses contra a Faixa de Gaza, e com a expansão das operações terrestres dentro do território palestino. Com o conflito longe do fim, o primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, alertou que os combates estão entrando em uma "segunda fase", e que serão "longos de difíceis". Mesmo diante de pedidos globais para um cessar-fogo, para tentar avançar na libertação dos mais de 200 reféns em poder do Hamas, para garantir a segurança dos civis e a entrega da ajuda humanitária, Netanyahu, com o aval dos Estados Unidos, vem rejeitando a suspensão dos combates. Ontem, ele alegou que o pedido de um cessar-fogo "é um pedido para que Israel se renda à barbárie, ao terrorismo" e que "isto não vai acontecer". Contudo, uma ofensiva terrestre em Gaza não deve ser simples. O território é uma das áreas mais densamente povoadas do planeta, e os combates devem ocorrer em um cenário urbano e parcialmente destruído pelos centenas de ataques aéreos israelenses desde o começo do mês. O Hamas e seus aliados ainda contam com uma ampla rede de túneis subterrâneos, construída ao longo de décadas. Segundo o Ministério da Saúde deGaza, comandado pelo Hamas, 8.306 pessoas morreram no enclave palestino até o dia 30 de outubro, entre eles, 3.457 crianças e 2.136 mulheres. Mais de 21 mil pessoas feridas. Do lado israelense, o número de mortos, em grande parte vítimas dos ataques do dia 7 de outubro, passa de 1,4 mil O episódio do Ao Ponto de hoje faz uma análise do estado da guerra entre Israel e Hamas, e quais os riscos presentes nessa etapa de combates. Nosso convidado é Gunther Rudzit, cientista político e professor de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), e ele discute as peculiaridades de um combate em ambiente urbano, e discute os riscos de que novas frentes de combate surjam na Cisjordânia e no Líbano.
31/10/2023 • 23:50
Há uma semana, o caos foi instaurado pelas ruas do Rio de Janeiro em uma demonstração de força das milícias que atuam na cidade. Foram 35 ônibus incendiados, quatro caminhões e um trem da Supervia, afetando mais de um milhão de pessoas. Os atos, em represália à morte de um dos integrantes — Matheus da Silva Rezende, conhecido como Faustão, apontado como número 2 da hierarquia —, em uma operação da Polícia Civil, jogaram luz sobre a extensão dos domínios das organzações criminosas na cidade, e sobre seus muitos braços econômicos. Um cenário que foi detalhado em uma série especial de reportagens do GLOBO. Nas matérias, os repórteres Rafael Galdo, Rafael Soares e Selma Schmidt detalham algumas das histórias de moradores e comerciantes que vivem na áreas dominadas pelos milicianos. Serviços básicos, como água, luz e internet, são controlados pelos criminosos, que obrigam os moradores a pagar taxas por vezes exorbitantes. O comércio de itens como água e gás também é regulamentado pelos milicianos, e as extorsões — incluindo vendedores de balas nos sinais — cobram valores que afetam diretamente a capacidade de subsistência das pessoas. Como mostrou o episódio do Ao Ponto do dia 25 de outubro, a organização criminosa vem passando por turbulências desde a morte de seu ex-chefe, Wellington da Silva Braga, o Ecko — outro tio de Faustão —, em 2021. Atualmente, existem dois grandes grupos de milicianos em guerra, além da maior organização do tráfico no estado, com disputas abertas pelo controle de áreas da cidade. De acordo com levantamento realizado pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense (UFF), são 284,3 quilômetros quadrados da Região Metropolitana fluminense dominados pelas milícias. O estudo mostra que somente na Zona Oeste da cidade do Rio, onde a presença é mais agressiva, moram cerca de um terço dos 6,2 milhões de cariocas. O Ao Ponto começa a semana falando sobre os tentáculos econômicos das milícias no Rio de Janeiro. Neste episódio, o repórter Rafael Galdo dá detalhes sobre a capilaridade das organizações criminosas, que controlam desde o transporte de vans até obras do poder público, sempre com cobrança de taxas abusivas e o uso recorrente da violência.
30/10/2023 • 23:46
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu, na última quarta-feira, dia 24, a presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano. A troca no comando do banco estava sendo desenhada desde julho e envolvia negociações para aproximar ainda mais o Centrão do governo. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), participou ativamente das conversas e da indicação de Antônio Vieira Fernandes, servidor de carreira do banco, para o comando da instituição. Como mostrou O GLOBO, a estratégia de Lira é dividir as 12 vice-presidências com PP, Republicanos, PSD e União Brasil. O Centrão vinha pressionando o Planalto para que Lula anunciasse o novo nome ainda no início de outubro. A decisão atrasou devido a recuperação do presidente após uma cirurgia no quadril, que ocorreu em 29 de setembro. Depois do anúncio da saída de Rita, Lira retomou a votação do projeto que taxa offshores e fundos exclusivos, travado há semanas considerado parte importante da agenda do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O texto, aprovado horas depois da troca na Caixa, contou com apoio de 70% das bancadas do Republicanos e do PP. A maneira como o texto foi aprovado mostrou que o Centrão continuará buscando por cargos no governo. Além disso, antes mesmo da troca na Caixa, o governo já havia consolidado a aliança com o Centrão ao ceder os ministérios do Esporte e de Portos e Aeroportos. No lugar de Ana Moser, foi nomeado o deputado André Fufuca (PP-MA), que era o líder do PP na Câmara. E a pasta de Portos e Aeroportos ficou com o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE). O Ao Ponto desta sexta-feira analisa a troca no comando da Caixa e como os cargos no governo estão sendo uma ferramenta para destravar a pauta econômica no Congresso.Neste episódio, os convidados são Alvaro Gribel e Sergio Roxo, da sucursal do GLOBO em Brasília, que trazem os bastidores das mudanças e quais devem ser os próximos projetos econômicos a entrar em pauta.
27/10/2023 • 25:48
A guerra entre Hamas e Israel entra na terceira semana sem sinais de acordo para um cessar fogo ou para a facilitação da entrada de ajuda humanitária. E o clima na ONU está cada vez mais quente: na última terça-feira, a delegação israelense pediu a renúncia de António Guterres, secretário-geral, após considerar que ele amenizou os ataques do grupo palestino no início de outubro. Na fala, disse que o ataque do Hamas, no dia 7 de outubro, não veio "do vácuo" e que o povo palestino estava exposto a "56 anos de ocupação sufocante" — o secretário-geral negou qualquer tipo de apologia ao grupo palestino. A tensão entre a ONU e Israel ocorre em meio a um impasse aparentemente sem fim no Conselho de Segurança. Depois de vetarem uma resolução apresentada pelo Brasil, na semana passada, os EUA apresentaram um texto próprio, enfatizando o direito à autodefesa de Israel. Como esperado, a proposta foi vetada por Rússia e China — dois membros com assento permanente no Conselho. Pouco depois, um texto de Moscou foi rejeitado no mesmo plenário. Organizações humanitárias vêm enfatizando a necessidade de permitir o acesso a ajuda à população em Gaza, onde vivem cerca de dois milhões de pessoas. Mas os poucos caminhões vindos do Egito estão entrando aos poucos no território, em um ritmo considerado insuficiente. Ao mesmo tempo, Israel dá sinais de que uma ofensiva terrestre pode estar em suas etapas finais de preparação, mas o premier Benjamin Netanyahu ainda não se manifestou sobre quando ou como ela acontecerá. Ainda assim, continuam os ataques aéreos que vem atingindo praticamente todo o território onde as agências de ajuda humanitária alertam que as condições ficarão cada vez mais precárias. Há preocupação ainda com o contexto regional: milícias pró-Irã vêm atacando forças dos EUA no Iraque e na Síria, e o Hezbollah mantém um conflito de baixa intensidade com os israelenses na fronteira com o Líbano. O governo de Joe Biden reforçou as posições militares na região, e mandou alguns recados para o Irã, sinalizando que não vai tolerar qualquer ação mais contundente. No Ao Ponto desta quinta-feira, o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador da Universidade de Havard, Vitelio Brustolin, faz uma análise do momento da guerra entre Israel e Hamas, e do papel da ONU no conflito. Ele ainda fala sobre como algumas lideranças de países como a Turquia estão prestando apoio direto aos palestinos, tanto por cálculos diplomáticos como por questões internas.
26/10/2023 • 33:10
Na última segunda-feira, uma das milícias que atuam no Rio de Janeiro instaurou o caos na cidade em uma demonstração de força. Os atos foram em represália à morte de um dos integrantes da cúpula durante uma operação da Polícia Civil: Matheus da Silva Rezende, conhecido como Faustão, apontado como número 2 da hierarquia da milícia chefiada por seu tio, Luís Antonio da Silva Braga, o Zinho, foi morto a tiros pelos policiais. Depois disso, os milicianos incendiaram 35 ônibus, quatro caminhões e um trem da Supervia, afetando mais de um milhão de pessoas. Há mais de uma década, a organização criminosa responsável pelos ataques de ontem atua no Rio, e passa por turbulências desde a morte de seu ex-chefe, Wellington da Silva Braga, o Ecko — outro tio de Faustão —, em 2021. Hoje, há dois grupos de milicianos em guerra, além da maior organização do tráfico no estado, com disputas abertas pelo controle de áreas da cidade, e que não raro envolvem ataques violentos com muitas vítimas. Em vários bairros da Zona Oeste, o número de mortes violentas aumentou em 2023, justamente no momento em que os homicídios estão em queda no estado. Agora, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, está sob pressão para agir de forma contundente e rápida, e ele sinalizou que vai aceitar ajuda do governo federal. Contudo, a maneira como ocorrerá essa cooperação ainda não está clara. Castro chegou a sinalizar que gostaria de ver as Forças Armadas atuando no estado em funções pontuais, mas o Palácio do Planalto não dá sinais de que ampliará esse escopo de atuação, tampouco de que vai declarar uma intervenção. No Ao Ponto desta quarta-feira, o repórter especial Rafael Soares detalha as origens das milícias no Rio de Janeiro, que traz ligações com agentes do Estado desde seu início, no começo do século, e como o perfil dos líderes das organizações criminosas foram mudando ao longo do tempo. Ele também fala sobre como os milicianos conseguiram estender seus braços para dentro do sistema político do estado, com representantes eleitos pelo voto popular nos últimos anos.
25/10/2023 • 28:34
A Polícia Federal (PF) realizou na última sexta-feira, dia 20, uma operação para investigar o uso de um programa secreto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que monitorou, durante o governo de Jair Bolsonaro, a localização de cidadãos por meio do celular. Com o desenrolar da investigação, dois servidores da agência foram presos e cinco afastados, e as operações de busca e apreensão também encontraram US$ 171,8 mil em dinheiro vivo. As buscas foram realizadas em diversos endereços, incluindo a sede da agência em Brasília, e a sede brasileira da empresa israelense que fabrica o programa espião, o First Mile. A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou o afastamento de cinco servidores pelo uso indevido de sistema de geolocalização. Paulo Maurício Fortunato Pinto, secretário de Planejamento e Gestão da agência, está estre eles. O número 3 da Abin estava à frente do setor de operações na época, e tem longa carreira no sistema de inteligência, incluindo uma passagem pelo Serviço Nacional de Informações, o SNI, um órgão de arapongagem na ditadura militar. A operação da semana passada vem meses depois do GLOBO revelar, em março, que a Abin teria monitorado a localização de milhares de pessoas durante o governo Bolsonaro — de acordo com a colunista do GLOBO Bela Megale, o sistema foi acionado mais de 30 mil vezes. Desse total, os investigadores detalharam cerca de dois mil usos relacionados a políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo de Jair Bolsonaro. No Ao Ponto desta terça-feira, a colunista Bela Megale dá detalhes sobre o inquérito, e também fala sobre como o governo de São Paulo contratou o programa, e também e utilizaram o First Mile. O repórter Dimitrius Dantas, da sucursal do GLOBO em Brasília, também detalha quem são os servidores da agência que foram afastados de seus cargos ou até mesmo presos.
24/10/2023 • 31:58
O governo e a oposição na Venezuela fecharam na semana passada, um acordo que viabiliza a realização de eleições presidenciais em 2024. O acerto foi firmado após anos de acusações, prisões políticas e aplicação de sanções internacionais. Entre os compromissos para restauração da normalidade democrática na Venezuela, além da eleição, está a atualização dos registros eleitorais, incluindo os mais de 6 milhões que moram foram do país. A suspensão das sanções só foi possível após uma negociação de pelo menos seis meses entre os governos de Joe Biden e de Nicolás Maduro, e se concentra especialmente no mercado de petróleo e gás, onde há o maior interesse para os Estados Unidos e Europa. Desde a chegada de Biden à Casa Branca, há contatos entre Caracas e Washington, focados no fornecimento de petróleo aos americanos, e a invasão russa da Ucrânia, no ano passado, acelerou o processo: afinal, o petróleo da Rússia está sob embargo do Ocidente e uma série de países, e os EUA precisavam garantir o insumo de maneira segura e regular. O Brasil teve participação decisiva no acordo, pós anos deixado de fora de negociações entre governo e oposição na Venezuela. O presidente Lula investiu nessa questão desde que assumiu o Planalto e, com isso, o Brasil foi convidado a participar da cerimônia em que o acordo foi firmado, mesmo não tendo feito parte do grupo formado em 2019 para as discussões. Até então, o presidente brasileiro era Jair Bolsonaro, que junto aos EUA e outros países, chegou a reconhecer o líder da oposição, Juan Guaidó, como o presidente venezuelano. Na última quarta-feira, um dia depois da assinatura do acordo, Gerardo Blyde, líder da delegação opositora na mesa de diálogo, publicou uma lista com cinco presos políticos libertados, como o jornalista Roland Carreño, próximo a Juan Guaidó e opositor de Maduro. Entre os presos políticos estão Mariana Barreto, detida por protestar contra irregularidades no fornecimento de gasolina no estado de Trujillo em 2019; o ex-deputado venezuelano Juan Requesens, condenado pela acusação de tentativa de magnicídio contra Maduro; Marco Garcés Carapaica, estudante universitário detido em 2020 por estar no mesmo veículo que um ex- oficial da Marinha dos EUA. Até 10 de outubro, a Venezuela tinha 273 presos políticos, segundo a ONG Foro Penal. Ainda há pontos a serem decididos no acordo, como a participação de elementos da oposição na disputa que foram considerados inabilitados para estarem nas cédulas, como Maria Corina Machado e Henrique Capriles. O texto estabelece que será promovida a “autorização a todos os candidatos presidenciais e partidos políticos, desde que cumpram os requisitos estabelecidos na lei". Com isso, o documento mantém em aberto a possibilidade de que os atuais vetos judiciais sejam utilizados para impedir a inscrição dos candidatos. Neste episódio do Ao Ponto, a repórter do GLOBO Marina Gonçalves fala sobre o cenário político que se desenha na Venezuela, além dos impactos financeiros do acordo. Ela ainda comenta como o Brasil entra nesta equação, com a mudança das relações com a Venezuela após o presidente Lula assumir o governo.
23/10/2023 • 19:49
Um grupo de trabalho formado por bancos, bandeiras de cartão de crédito, empresas de maquininhas, representantes do varejo, além do Banco Central busca alternativas para reduzir os juros do rotativo do cartão de crédito. Um dos argumentos do setor financeiro é que seria necessário rever o parcelamento sem juros no cartão, apontado como responsável pelas altas taxas cobradas. Para o varejo, porém, essa modalidade tem papel relevante no consumo. Para debater o tema e seus impactos na vida dos brasileiros, o E AGORA, BRASIL? recebeu Isaac Sidney, presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban); Marcos Pinto, secretário de Reformas Econômicas do Ministério do Planejamento; Raul Moreira, membro da Diretoria da Associação Brasileira de Bancos (ABBC); e Vinicius Carrasco, diretor-executivo da Associação Brasileira de Instituições de Pagamentos (Abipag). A mediação foi realizada por Renato Andrade, diretor da sucursal de São Paulo do GLOBO, e Talita Moreira, editora de Finanças do Valor Econômico. Este podcast é um resumo do que foi discutido, com apresentação da jornalista Roberta Pennafort. O E AGORA, BRASIL? é uma realização dos jornais O GLOBO e Valor Econômico, com patrocínio do Sistema Comércio através da CNC, do Sesc, do Senac e de suas federações.
21/10/2023 • 39:36
Milhões de eleitores na Argentina vão às urnas no domingo escolher governadores, parlamentares e, na disputa que é a mais esperada, os dois candidatos que disputarão o segundo turno para a Presidência — ou então definir quem comandará o país pelos próximos quatro anos. A maior parte das pesquisas dá vantagem ao candidato da extrema direita, Javier Milei, que venceu em agosto as Primárias Abertas Simultâneas Obrigatórias (Paso), e que fala abertamente em se eleger no primeiro turno. Autointulado um candidato "de fora da política" (apesar de ser deputado desde 2021), Milei tem angariado apoio de boa parte dos argentinos ao apostar em um discurso de quebra com a classe política tradicional e de fazer promessas para a economia argentina, hoje em situação difícil. Sua maior bandeira de campanha é a dolarização da moeda argentina, uma medida polêmica e que é questionada por muitos economistas, incluindo os da oposição tradicional. Por outro lado, algumas ideias, como sobre o fim do Banco Central e a privatização do ensino, além de falas consideradas desrespeitosas com as vítimas da ditadura e até com a Igreja Católica desagradaram setores da sociedade argentina. Hoje o principal adversário de Milei é Sergio Massa, o atual ministro da Economia, que ao longo da campanha tentou passar a ideia de que o pior da crise ficou para trás, além de se desvencilhar, sempre que possível, do presidente Alberto Fernández, hoje uma das figuras mais detestadas da Argentina. Na reta final da campanha, ele fez promessas de todo o tipo, incluindo sobre o fim da torcida única nos estádios de futebol, e apostou em ações para denunciar uma suposta alta de preços em serviços públicos, como os transportes, caso seja derrrotado. Correndo por fora está Patricia Bullrich, aliada do ex-presidente Mauricio Macri, que chegou a mostrar força nas primárias de agosto, mas que, agora, aparece em terceiro nas pesquisas. Há dúvidas sobre qual caminho tomará caso não chegue ao segundo turno, mas alguns de seus companheiros de chapa, incluindo o próprio Macri, defendem o voto em Milei. A eleição também é acompanhada de perto pelo Brasil. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a possível vitória do candidato de extrema direita é preocupante por suas falas recentes contra Lula — ele chegou a chamar o presidente brasileiro de "comunista raivoso" —, contra o Mercosul e contra alguns parceiros comerciais históricos da Argentina, como a China. Porém, Haddad afirma que "não se transpõe para as relações internacionais as questões internas", afirmando que o presidente Lula mantém relações amigáveis com chefes de Estado de várias vertentes políticas. No Ao Ponto desta sexta-feira, a repórter especial do GLOBO, Janaína Figueiredo, fala sobre a expectativa para a votação de domingo, o que dizem as últimas pesquisas e o que esperar do dia seguinte ao primeiro turno — segundo analistas, há o risco de uma nova disparada do dólar já na segunda-feira, repetindo o visto nas primárias de agosto.
20/10/2023 • 27:38
Os Estados Unidos barraram, nesta quarta-feira, uma resolução apresentada pelo Brasil ao Conselho de Segurança da ONU, pensada para levar ajuda humanitária à Gaza. Entre os quinze países do Conselho, doze aprovaram o texto, dois não se posicionaram e apenas os americanos, que têm o poder de veto, foram contra a resolução. Historicamente, os EUA tendem a blindar questões envolvendo Israel, país que é seu principal aliado no Oriente Médio. O Conselho de Segurança é o único órgão da ONU com resoluções de caráter vinculante, ou seja, que devem necessariamente ser seguidas pelos países envolvidos. O texto apresentado pelo Brasil, que ocupa a presidência rotativa do órgão, previa a libertação imediata de reféns, uma "pausa humanitária" nos confrontos e a garantia de acesso à gás, eletricidade e insumos médicos a Gaza. A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, afirmou que a resolução não poderia ser aprovada porque não trazia explicitamente a previsão do direito de defesa de Israel, algo que está previsto na Carta das Nações Unidas. Ao mesmo tempo, reiterou que os EUA seguem comprometidos com a proteção de civis e funcionários de organizações humanitárias. O direito ao veto é um dos mecanismos mais questionados do Conselho de Segurança da ONU: ele permite que os cinco países com assento permanente no órgão — EUA, Rússia, China, França e Reino Unido — vetem decisões que considerem inadequadas, mesmo que todos os demais membros aprovem ou se abstenham. O recurso foi utilizado à exaustão durante a Guerra Fria, mas apesar de hoje ser menos utilizado, se faz presente em crises como a de Gaza e a guerra na Ucrânia, quando a Rússia usou seu poder de veto. Neste episódio do Ao Ponto, o professor de Política Internacional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Paulo Velasco, discute o veto dos EUA à nova resolução sobre o conflito em Gaza, e os dilemas das instituições internacionais diante de crises de segurança e humanitárias.
19/10/2023 • 26:54
O relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, foi apresentado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA) ontem, e deve ser votado nesta quarta. Com mais de mil páginas, o documento pede o indiciamento de 61 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex- ajudante de ordens, Mauro Cid, o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, os ex-ministros Anderson Torres (Justiça), Walter Braga Netto (Defesa e Casa Civil), Augusto Heleno (GSI), Luis Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), além da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). O relatório aponta Jair Bolsonaro como principal autor, intelectual ou moral, dos ataques contra as instituições. O A relatora acusa o ex-presidente de quatro crimes: associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado, todos previstos no Código Penal. Ao longo dos quase cinco meses de trabalhos, a comissão, que foi iniciada a pedido da oposição com o objetivo inicial de atingir o governo Lula, ouviu dezenas de pessoas, incluindo vários dos indiciados, e analisou milhares de páginas de documentos, alguns deles sigilosos. Mas os parlamentares reclamaram de alguns obstáculos, como a dificuldade para conseguir acesso a alguns itens, como a delação premiada fechada por Mauro Cid em setembro, e de algumas decisões judiciais que permitiram aos depoentes permanecer em silêncio ou não comparecer — uma dessas decisões, do minstro Kassio Nunes Marques, do STF, suspendeu a quebra de sigilo de Silvinei Vasques, algo que foi duramente criticado pela comissão. No episódio do Ao Ponto desta quarta-feira, a repórter da sucursal do GLOBO em Brasília, Camila Turtelli, explica os detalhes do relatório final da senadora Eliziane Gama. O colunista do GLOBO, Bernardo Mello Franco, destaca o embate entre Legislativo e Judiciário no inquérito e quais impactos a CPMI pode trazer aos militares e às demais figuras políticas citadas pela senadora.
18/10/2023 • 28:18
O colunista Guga Chacra explica como os interesses dos governos vizinhos pode influenciar nos rumos da guerra, e como podem moldar o futuro do Oriente Médio
17/10/2023 • 26:41
O Censo da Educação Superior 2022, divulgado na última terça-feira pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), revelou uma fotografia do estado atual da educação brasileira, desde o número de jovens que ingressaram no ensino superior, à modalidade de ensino escolhida por cada um. O Censo traz ainda impactos possíveis da pandemia de Covid-19 no setor. O estudo revelou que menos de 25% dos jovens de 18 a 24 anos acessam o ensino superior no país. Ao todo, 75,7% pessoas da faixa etária não ultrapassaram a educação básica, sendo que 43,4% conseguiram concluir o ensino médio. Dentro do número de alunos que ingressaram no ensino superior, 72% dos aprovados em universidades optaram por estudar à distância. Nos últimos 10 anos, o crescimento do setor chegou a 700%. O Ministro da Educação, Camilo Santana, declarou que a pasta se preocupa com esse aumento diante das vagas para o ensino presencial, principalmente porque cada vez mais alunos são atribuídos a docentes no formato de ensino à distância, o que pode comprometer a qualidade do ensino oferecido e na formação de profissionais de qualidade, inclusive de novos professores. Além do ensino superior, a educação infantil também sofre com impactos da crise de saúde enfrentada pelo país a partir de 2020. De acordo com estudo da Unicef, o número de crianças entre sete e nove anos que não sabem ler dobrou em três anos, um fator ligado diretamente ao aumento da pobreza no país e à evasão escolar. No Ao Ponto desta segunda-feira, a Presidente do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, fala sobre os números da educação em 2022 de acordo com o Censo do Inep, que oferecem um panorama da educação infantil ao ensino superior. Além disso, a especialista comenta os riscos do aumento da quantidade de alunos nos cursos à distância na formação de novos profissionais.
16/10/2023 • 23:55
No discurso mais duro desde o início do conflito, e apontado por analistas como o mais contundente desde sua chegada à Presidência dos EUA, Joe Biden reiterou seu apoio irrestrito a Israel na terça-feira, destacando que chamou de "bárbárie" do Hamas e prometendo ampliar o já bilionário apoio militar aos israelenses. Alguns aviões com equipamentos militares já chegaram a Israel, e navios de guerra foram posicionados na costa israelense, como uma mensagem de apoio e como um recado a outros atores — estatais ou não — para que não aproveitem a confusão para atacar o país. O apoio de Biden a Israel não é algo que surpreende observadores da política americana. A questão israelense habita os corredores de prédios do governo americano desde a fundação do país, em 1948, mas nos anos 1960 a relação de cooperação, especialmente de segurança, foi consolidada no contexto da Guerra Fria. Em paralelo, o lobby pró-Israel em Washington é um dos mais poderosos do país, e se contam nos dedos os políticos que ousam fazer críticas públicas ao governo israelense — ao contrário de outras pautas de política externa, Israel fala diretamente a uma parcela considerável de eleitores, dos dois lados do espectro político. Com a guerra, o apoio a Israel foi quase uníssono no cenário político — até democratas da ala progressista, que por vezes defendem a Palestina, se levantaram contra protestos vistos como favoráveis ao Hamas, como o fez a deputada Alexandria Ocasio-Cortez depois de um protesto do tipo na Times Square. Republicanos, por sua vez, aprovaram sem delongas as propostas de ajuda para Israel. No momento, é consenso que a situação do Oriente Médio vai respingar na campanha para a Casa Branca e boa parte do Congresso no ano que vem: enquanto Biden tenta mostrar suas credenciais pró-Israel, Donald Trump tem inflamado suas palavras, e até usando notícias falsas, como a de que militantes do Hamas estavam se infiltrando no país pela fronteira com o México, algo que não tem qualquer comprovação. Neste episódio do Ao Ponto, o especialista em ciência política, Maurício Santoro, traz um panorama da relação entre Israel e EUA, que já define rumos e decisões dentro da política norte-americana há décadas. Além disso, o especialista analisa como esse conflito no Oriente Médio com apoio dos EUA pode afetar a ajuda ocidental à Ucrânia, que enfrenta uma invasão da Rússia desde o ano passado. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade. O episódio também pode ser ouvido na página de Podcasts do GLOBO. Você pode seguir a gente em plataformas como Spotify, iTunes, Deezer e na Globoplay.
13/10/2023 • 25:58
O novo conflito entre Israel e Hamas, iniciado no último sábado, vem servindo de combustível para debates, por vezes acalorados, entre políticos da esquerda e da direita no Brasil. Por um lado, aliados de Jair Bolsonaro e lideranças evangélicas saíram em defesa de Israel e condenaram explicitamente o Hamas. Por outro, governistas preferiram a cautela, e embora tenham condenado os ataques do fim de semana, evitaram mencionar o nome do Hamas — em setores da esquerda, houve manifestações de apoio à "resistência palestina", e até atos de apoio aos palestinos em algumas cidades,. Mas esse embate político no Brasil envolvendo palestinos e israelenses não é exatamente novo. A bandeira da defesa dos povos palestinos é levantada pela esquerda há décadas — em seus primeiros mandatos, Lula faz gestos contundentes para pressionar por um acordo de paz entre os dois lados, e em 2010 chegou a reconhecer a soberania do Estado palestino, algo que serviu de fagulha para a politização interna do tema no Brasil. Em 2014, uma condenação explícita de Israel por parte de Brasília, relacionada a uma ofensiva em Gaza, foi recebida com ironia pelos israelenses, que chamaram o Brasil de "anão diplomático". Bolsonaro, por sua vez, escolheu priorizar as relações com Israel em seu governo, atendendo também o eleitorado evangélico, que constituiu base importante de sua vitória nas eleições de 2018. Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, foi um dos líderes estrangeiros que acompanharam a posse de Bolsonaro em 2019, e o então presidente brasileiro prometeu transferir a embaixada brasileira para Jerusalém, seguindo os passos de Donald Trump, presidente americano na época. Mas ao contrário do gesto dos EUA, a representação do Brasil continuou em Tel Aviv. Hoje, o Brasil ocupa a presidência rotativa Conselho de Segurança da ONU e, segundo Lula, o país não poupará esforços para conter a escalada de violência na região. Lula reafirmou a posição da diplomacia brasileira, em defesa de dois Estados: o de Israel e o da Palestina, e vem sinalizando que tentará chegar a uma solução para pôr fim à violência e à perda de vida dos dois lados. Neste episódio do Ao Ponto, o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas, Guilherme Casarões, fala sobre o embate entre Israel e Palestina e como o tópico aprofunda fissuras já existentes na política brasileira, à ponto de influenciar as campanhas eleitorais municipais do próximo ano.
11/10/2023 • 23:54
Desde sábado, Israel enfrenta a maior ofensiva militar em décadas contra seu território, protagonizada pelo grupo militante palestino Hamas e que deixou mais de 1.200 mortos, entre israelenses e palestinos — cerca de 100 pessoas feitas de reféns, entre civis e soldados israelenses. O ataque não escolheu alvos: militares e civis foram alvejados, incluindo centenas de pessoas que participavam de uma rave perto da Faixa de Gaza. A resposta não tardou. No próprio sábado, ocorreram os primeiros bombardeios contra a Faixa de Gaza, que é controlada militarmente pelo Hamas desde o início do século. Mas esse seria apenas o prelúdio de uma ação que, segundo o premier Benjamin Netanyahu, "está apenas começando". Com a declaração de estado de guerra, mais de 300 mil reservistas foram convocados, e colunas de tanques e blindados estão sendo vistos perto do território, sugerindo que uma operação terrestre está perto de acontecer. Netanyahu, que autorizou um bloqueio total a Gaza, também instou os palestinos a saírem da região, e prometeu "reduzir os esconderijos do Hamas a ruínas". O fator que destacou o ataque foi o fracasso da inteligência israelense em prevê-lo. Exatos cinquenta anos depois da Guerra do Yom Kippur, em 1973, quando a inteligência de Israel foi acusada de não ter sido capaz de prever com eficácia o ataque de uma coalizão árabe liderada pelos vizinhos Egito e Síria, o país se encontra novamente em situação similar. O último conflito de grandes proporções entre Israel e Hamas foi uma guerra de 10 dias em 2021. O território onde vivem dois milhões de pessoas está cercado e sem acesso à água, energia e alimentos. Para se salvar dos ataques, israelenses começaram a traçar rotas de fuga. Alguns queriam ir ao aeroporto, mas os voos pareciam estar suspensos. Outros pegaram a estrada, se afastando do Norte, onde a fronteira próxima com o Hezbollah é uma ameaça maior do que os foguetes de Gaza, ou das cidades mistas. Em meio ao cenário de guerra, brasileiros buscam formas de voltar ao Brasil em segurança. Cerca de mil cidadãos e seus dependentes procuraram a embaixada brasileira em Israel para terem o nome incluído na lista de possíveis repatriados pelo governo do Brasil. De acordo com o Itamaraty, quase todos são turistas hospedados em Tel Aviv e Jerusalém. No Ao Ponto desta terça-feira, o professor da UFRJ Fernando Brancoli comenta a operação do Hamas, os fracassos dos serviços de segurança israelenses e quais são as perspectivas envolvendo outros atores do Oriente Médio, como a Arábia Saudita, que discute a normalização de relações com Israel, e o Irã, que em suas primeiras declarações sinalizou apoio ao Hamas.
10/10/2023 • 40:52
A ativista iraniana Narges Mohammadi ganhou o Prêmio Nobel da Paz, anunciado na sexta-feira,"pela sua luta contra a opressão das mulheres no Irã e pela sua luta para promover os direitos humanos e a liberdade para todos", de acordo com a presidente do Comitê Norueguês do Nobel, Berit Reiss-Andersen, em Oslo. Porém, Mohammadi não deve receber o prêmio pessoalmente pois está cumprindo uma pena de dez anos de prisão em Teerã, acusada de atentar contra a segurança nacional — a pena também inclui mais de cem chibatadas, que, segundo informações de pessoas próximas a Mohammadi, não foram aplicadas. Nos últimos anos, ela foi presa 13 vezes, e condenada cinco vezes a um total de 31 anos de prisão. O comunicado divulgado após o anúncio do prêmio afirma ainda que "reconhece as centenas de milhares de pessoas que se manifestaram contra as políticas de discriminação e opressão do regime teocrático contra as mulheres". Em nota, a família da ativista destacou que o prêmio marca "um momento histórico para a luta do Irã pela liberdade". A ONU também defendeu a soltura da ativista: “O caso de Narges Mohammadi é emblemático dos enormes riscos que as mulheres assumem para defender os direitos de todos os iranianos. Pedimos sua libertação imediata e a de todos os defensores dos direitos humanos dos encarcerados no Irã”, declarou, em nota, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. O governo iraniano afirmou que a escolha foi um movimento tendencioso e anti-iraniano, que tem objetivo de politizar a premiação, e alguns jornais, próximos às autoridades, afirmaram que ela é uma "condenada" e que atuou "com grupos terroristas". Há o temor de que o prêmio sirva como pretexto para ampliar a repressão a quem se levanta contra o regime, seja por razões sociais, incluindo a obrigatorieade do uso do véu, seja por razões econômicas, ligadas ao desemprego em alta, à inflação e à deterioração das condições de vida dos iranianos. O anúncio da vencedora do Nobel também relembra o estado atual dos direitos humanos em todo o mundo. Países que cometem violações já não sofrem punições e até mesmo usam o capital voltado para política, economia e esportes para limpar a própria imagem. Um exemplo é a Arábia Saudita, que aposta em um plano de modernização do país, que inclui investimentos trilionários, para passar a ideia de que é uma nação cosmopolita, apesar de suas incontáveis denúncias de graves violações. Neste episódio do Ao Ponto, a professora de Relações Internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Flávia Loss, fala sobre a vencedora do Nobel da Paz, Narges Mohammadi e sobre a situação e garantia dos direitos humanos ao redor do mundo. Ela ainda comenta a eficácia (ou não) dos mecanismos de punição a países que desrespeitam os direitos das populações, incluindo as sanções, um dos tópicos mais quentes de discussão nas relações internacionais hoje.
09/10/2023 • 25:34
Em uma votação que durou 42 segundos, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal aprovou um projeto que impõe limites a decisões individuais de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e outros tribunais. O avanço do texto amplia a lista de divergências entre a mais alta instância do Judiciário e uma ala do Congresso Nacional, que discute ainda a imposição de mandatos aos integrantes da Corte e a possibilidade de o Legislativo reverter decisões do STF. O texto propõe medidas como a definição de prazos para pedidos de vista em processos judiciais e a exigência de maioria absoluta para suspender a eficácia de leis e de atos normativos de amplo alcance, vedando assim decisões unilaterais e monocráticas. A medida causou reações entre os ministros do Supremo. Gilmar Mendes questionou não só o projeto, que considera "reformista", como o fato de o STF ser o alvo, principalmente após uma tentativa comprovada de golpe de Estado. O ministro Luís Roberto Barroso, presidente da corte, afirmou que não existem poderes hegemônicos. A votação em tempo recorde foi mais um episódio de um tensionamento que vem ganhando força na Praça dos Três Poderes. No Congresso, há uma percepção de que os ministros do Supremo estão entrando em pautas que, em sua visão, seriam do Legislativo, como a relativa à descriminalização do porte de drogas, a discussão sobre o aborto e, mais recentemente, a que declarou o marco temporal das terras indígenas inconstucional — no mesmo dia em que foi concluído o julgamento, o Senado aprovou um projeto sobre o tema, que agora está na mesa do presidente Lula. Além do projeto sobre as decisões monocráticas, aprovado na CCJ, outros textos já circulam no Senado e na Câmara dos Deputados. Eles incluem, por exemplo, a determinação de mandatos para os ministros e até a possibilidade de revisão de decisões do plenário, algo que é considerado inconstitucional por especialistas. E além da discordância com as ações do STF, outros fatores, como a disputa pelo comando do Senado, também influem nessa "ofensiva". No Ao Ponto desta sexta-feira, a colunista do GLOBO Vera Magalhães fala sobre a tensão crescente entre o Senado e o STF, trazendo os bastidores desse tensionamento, e também como o governo Lula vê essa disputa, que pode eventualmente atrapalhar pautas importantes que estão prestes a serem votadas pelo Congresso.
06/10/2023 • 21:51
O republicano Kevin McCarthy foi destituído do cargo de presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, algo que jamais havia acontecido na História do país, após uma manobra liderada pela ala mais extremista do partido. Foi o ápice de meses de conflitos internos, que envolveram pautas como o impeachment de Joe Biden — uma concessão do próprio McCarthy para que os extremistas aceitassem sua liderança — e um acordo para manter o governo federal funcionando até o fim do ano, algo que a facção mais radical do Partido Republicano considerou inaceitável. Depois da votação na terça-feira, o deputado Patrick McHenry, republicano da Carolina do Norte, foi nomeado presidente interino da Câmara, com a função de liderar a eleição de um novo presidente. A primeira votação está prevista para quarta-feira, 11 de outubro, mas dada a peculiaridade da situação, não é possível estabelecer como o processo será conduzido, tampouco quando será finalizado. Na lista de possíveis nomes que podem ocupar o cargo, alguns republicanos chegaram a sugerir o ex-presidente Donald Trump — a deputada Marjorie Taylor Greene, conhecida por sua afeição a teorias da conspiração, como o QAnon, alegou que Trump é “o único candidato a presidente da Câmara que apoio atualmente”. Pela Constituição, a indicação é possível, e caso Trump, que hoje enfrenta uma série de processos na Justiça, receba a maioria dos votos ele será conduzido à Presidência da Casa. Enquanto não há uma definição, a pauta ficará travada, o que não é exatamente interessante para a Casa Branca. O governo Biden quer avançar com as negociações sobre uma medida para garantir o orçamento federal até o final do ano — no sábado, um acordo foi fechado para manter o financiamento por 45 dias, um prazo que chega ao fim em meados do mês que vem. Há ainda planos envolvendo um novo pacote de apoio financeiro à Ucrânia e medidas relacionadas à imigração, considerado um calcanhar de Aquiles para o democrata. No episódio do Ao Ponto desta quinta-feira, o colunista do GLOBO Guga Chacra fala sobre a 'guerra civil' no Partido Republicano, como o Partido Democrata tenta usar a crise para explorar as fissuras na oposição, e como as turbulências em Washington podem impactar as eleições do ano que vem.
05/10/2023 • 22:15
A Amazônia sofre os efeitos do que cientistas já consideram que será a maior seca da História, com impactos que poderão ser sentidos até o primeiro semestre de 2024. Os efeitos são evidentes em grandes rios, como o Negro, Solimões, Purus, Juruá e Madeira. O nível do Rio Negro caiu em média 20 cm por dia de agosto ao início de setembro, segundo o Serviço Geológico do Brasil. A Bacia do Rio Madeira, uma das mais importantes da região, também tem rios estão abaixo das cotas mínimas históricas. Dezenas de cidades estão em estado de emergência, com problemas no abastecimento de água e dificuldades no transporte fluvial, principal modalidade de locomoção de pessoas e de mercadorias na região Amazônica. Comunidades ribeirinhas apontam para a redução dos cardumes de peixes nos rios, e em Tefé (AM), mais de cem botos-rosa e tucuxis foram encontrados mortos em um lago, e cientistas acreditam que o calor extremo pode ter contribuído para essa tragédia ambiental. O fenômeno El Niño, que tem levado a culpa pelos eventos extremos no Brasil em 2023, não é o único responsável pela estiagem: além dele, cientistas apontam para o aquecimento excepcional do Oceano Atlântico Tropical Norte, que também tem causado um número acima do normal de furacões no Caribe e nos Estados Unidos. Porém, o ápice do El Niño, caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, acontecerá perto do final do ano, e pode estender os efeitos já catastróficos sobre o clima vistos em 2023. Serviços de meteorologia alertam para novas ondas de calor, secas prolongadas — não apenas na Amazônia — e chuvas acima da média, em diferentes regiões do país. Neste episódio do Ao Ponto, a repórter especial Ana Lúcia Azevedo fala sobre os impactos já visíveis da seca na Amazônia, as perspectivas futuras para o clima da região e o que dizem cientistas sobre o que esperar do El Niño até meados de 2024, quando o fenômeno deve perder força. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
04/10/2023 • 23:40
A guerra de facções na Bahia consolidou o estado no topo do ranking de assassinatos em números absolutos no país. Por ser um ponto estratégico para traficantes de drogas, a Bahia passa por disputas sangrentas de criminosos por território. A localização do estado permite que drogas cheguem tanto pela região Norte quanto pelas regiões Sul e Centro-Oeste. De lá, as substâncias entorpecentes são muitas vezes enviadas para Europa partindo dos três maiores portos baianos. No último ano, a Bahia teve 6.659 casos de mortes violentas, contra 4.485 no Rio de Janeiro. O cenário fez com que Jequié, a 365 km de Salvador, se tornasse a cidade mais violenta do país, com uma taxa de 88,8 mortes por 100 mil habitantes. Hoje há cerca de dez facções rivais disputando áreas da região Metropolitana e do interior baiano, um cenário que não acontece em nenhuma região do país. Em meio a este cenário, o Ministério da Justiça e Segurança Pública lançou na segunda-feira um plano de combate às organizações criminosas, batizado de Programa Nacional de Enfrentamento às Organizações Criminosas (ENFOC). O objetivo é fortalecer a investigação criminal, atividade de inteligência e um enfrentamento sistêmico das organizações criminosas. O Ministério da Justiça ainda anunciou ações de segurança pública específicas para a Bahia e para o Rio de Janeiro. Cerca de R$ 900 milhões devem ser investidos na iniciativa, que terá cinco eixos principais: integração institucional e informacional; aumento da eficiência dos órgãos policiais; portos, aeroportos, fronteiras e divisas; aumento da eficiência do sistema de Justiça Criminal e cooperação entre governo, estados e municípios. O plano prevê a implementação das medidas gradualmente, com a última etapa em 2026. Neste episódio do Ao Ponto, o repórter especial Rafael Soares, fala sobre a crise de segurança na Bahia e a guerra territorial entre facções — no episódio, ele, que há anos cobre o noticiário de segurança pública no Brasil, afirma que jamais viu um cenário de tamanha fragmentação de organizações criminosas e confrontos localizados. Além dele, o repórter Sérgio Roxo, da sucursal do GLOBO em Brasília, comenta a implementação do Programa Nacional de Enfrentamento às Organizações Criminosas (ENFOC), e fala sobre a recepção entre grupos ligados à esquerda de um discurso de enfrentamento à criminalidade que, na visão de críticos, se assemelha à chamada "linha dura" do setor. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
03/10/2023 • 35:37
Um estudo feito por uma equipe internacional de pesquisadores e publicado na revista científica BMJ Oncology mostrou que os casos de câncer em pessoas com menos de 50 anos cresceram 79% pelo mundo nas últimas três décadas, de 1990 a 2019. Com base nas tendências, os estudiosos estimam que os casos e as mortes na faixa etária vão aumentar 31% e 21%, respectivamente, até 2030. Existem muitas razões pelas quais uma célula humana pode se multiplicar incontrolavelmente até gerar um tumor, como fumar e beber álcool em excesso. A idade sempre foi um fator determinante além dos hábitos pouco saudáveis, mas os números indicam que algo está mudando nos diagnósticos: a idade continua a ser um fator importante, mas cada vez há mais casos entre adultos jovens e as causas não são claras. Os pesquisadores analisaram os números sobre incidência de novos casos de câncer, mortes, consequências para a saúde e fatores de risco entre indivíduos de 14 a 49 anos por meio do Global Burden of Disease, um amplo estudo sobre doenças com informações de 29 tipos de câncer em 204 países e territórios. As evidências passadas já apontavam para um aumento nos diagnósticos pessoas mais jovens pelo mundo, mas muitos estudos focavam em regiões ou países específicos, sem uma perspectiva global. Porém, dessa vez, foi constatado que, em 2019, foram 1,82 milhão de novos casos de câncer em pessoas abaixo dos 50, um aumento de 79% em relação aos dados de 1990 – quando foram pouco mais de um um milhão. Além disso, 1,06 milhão de indivíduos na faixa etária morreram em 2019, um crescimento de 28% em comparação com três décadas antes. Os pesquisadores acreditam que fatores genéticos influenciam o diagnóstico de câncer em pessoas mais jovens, mas reforçam que a má alimentação, como dietas ricas em carne vermelha e sal, e pobres em frutas e leite, aumentam o risco da doença. Além disso, alertam para outros fatores conhecidos, como o consumo de álcool e tabaco, o sedentarismo, a obesidade e o excesso de açúcar. Neste episódio do Ao Ponto, o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Carlos Gil, fala sobre os possíveis fatores que levaram ao aumento expressivo nas taxas de câncer em adultos com menos de 50 anos. Ele também fala sobre a recente aprovação, pela Anvisa, de ensaios clínicos da nova terapia com células CAR-T, considerado revolucionário, mas restrito a poucos por conta do alto preço. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
02/10/2023 • 18:24
O Senado aprovou por 43 a 21 o projeto que estabelece um marco temporal para a demarcação de terras indígenas.A votação vai contra uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou a mesma tese inconstitucional. O projeto, além do apoio da oposição, teve muitos votos favoráveis de congressistas de partidos com lugar na Esplanada dos Ministérios, como Renan Calheiros (MDB-AL) e Davi Alcolumbre (União-AP). Os ministros do STF que foram contra o projeto de marco temporal entendem que não é necessária a comprovação de que os povos originários ocupavam a terra no momento da promulgação da Constituição de 1988 para ter direitos sobre o solo. Seria, portanto, inconstitucional estabelecer esse critério, como pretende o Congresso Nacional, por meio de lei, ou por decisão do Poder Judiciário. O texto segue agora para análise do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que pode sancioná-lo ou exercer o veto, seja ele total ou de alguns pontos. Na quarta-feira, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ) endossou, por 16 votos a favor e 10 contra, o relatório do senador Marcos Rogério (PL-RO) que define o ano de promulgação da Constituição (1988) como marco para demarcação de terras indígenas. O texto foi para votação em plenário pouco depois, onde foi aprovado, e ele traz mudanças profundas e importantes, como sobre o uso da terra e até sobre o contato com comunidades isoladas. Para especialistas, tanto a decisão do STF como a aprovação do projeto no Congresso podem levar a uma judicialização crescente da questão das terras indígenas — mais do que isso, as decisões antagônicas também podem sinalizar tensões crescentes entre o Legislativo e o Judiciário, embora o próprio presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, rejeite tal cenário. Neste episódio do Ao Ponto, a repórter do GLOBO em Brasília Camila Turtelli e a professora da Unilab, Andressa Lewandowski, falam sobre o futuro do debate a respeito do marco temporal, em um cenário de divisão em diferentes áreas da justiça brasileira, com o STF que considera o marco temporal inconstitucional de um lado, diante do Senado que aprovou o projeto. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
29/09/2023 • 33:47
O volume de gastos com a saúde este ano está diante de um impasse bilionário para o governo Lula. Com a aprovação do arcabouço fiscal e o fim do teto de gastos, a antiga regra constitucional para o piso de gastos públicos com o setor, de 15% da receita corrente líquida (o recurso disponível para gastar), volta a valer, e isso já está dando dor de cabeça na Esplanada dos Ministérios. De acordo com cálculos do Ministério da Fazenda, isso significaria, já em 2023, despesas adicionais de R$ 20 bilhões, que teria de sair de outras áreas, uma vez que não estão previsto no Orçamento atual. A equipe econômica tenta conseguir que essa implementação do piso passe a valer apenas em 2024, mas a hipótese é considerada cada vez mais difícil, e alternativas estão sendo postas à mesa. Uma delas foi apresentada pelo deputado Zeca Dirceu (PT-PR), líder do PT na Câmara: ele propôs a inclusão de um "jabuti" (a inserção de um tema em um texto com o qual não tem relação direta) no projeto de lei de compensação dos estados pelo ICMS reduzido em combustíveis e energia. Ele considera o percentual da receita corrente líquida com base no Orçamento de 2023, que é menor, o que reduziria o gasto adicional para bancar o piso de R$ 20 bilhões para R$ 5 bilhões. O texto foi aprovado na Câmara, mas depende de aval do Senado, onde parlamentares já indicaram não concordar com a proposta — afinal, até o presidente Lula vem defendendo o incremento dos gastos com o SUS. Neste episódio do Ao Ponto, a repórter especial do GLOBO, Victoria Abel, fala sobre o impasse relacionado ao piso constitucional na saúde, e como evetuais mudanças poderão afetar a promessa do governo de zerar o déficit das contas públicas já no ano que vem. Mesmo antes da questão do piso, especialistas apontavam dificuldades para a equipe econômica cumprir a meta, especialmente por conta das receitas adicionais. Com a elevação de despesas previstas, a tarefa parece ainda mais complicada. Publicado de segunda a sexta-feira, às 6h, nas principais plataformas de podcast e no site do GLOBO, o Ao Ponto é apresentado pelos jornalistas Carolina Morand e Filipe Barini, sempre abordando acontecimentos relevantes da atualidade.
28/09/2023 • 26:49