Lyrics
Sempre vi descompasso
Disputa por espaço
Miséria, descaso na ponta do aço
O fim dos meus manos
De quebra em quebra
Entra ano, sai ano, é a mesma guerra
Escorre na terra o sangue dos nigga
Na Leste, Oeste, Baixada Santista
Não muda essas fita
Nois tamo na pista
E se for pra morrer, põe nois no topo da lista
Seja no Capão, ou Jardim da Conquista
Eu sei que não muda, Polícia racista
Direita fascista, agride ativista
E diz que meu som é ação terrorista
Pra sempre o vilão, o ex-presidiário
Não vim pra cair no conto do vigário
Quem nasce malandro não morre otário
E quem não sabe correr, vira retardatário
Se liga meu truta, escuta essa porra: São Paulo é pecado, parece Gomorra
A gestão do país tá pra lá de uma zorra: O que eu posso esperar de quem quer que eu morra?
Aguardando uma vaga na fila do albergue
É pouca ação pra muita hashtag
Quem não põe as caras também não consegue
O progresso caminha no lombo do jegue
Já faz milianos a mesma história
E a evolução segue à um por hora
Mais luto nas ruas, estou dentro delas
Eu não me escondo, atrás de uma tela
Os meus heróis são Zumbi e Mandela,
Lutaram e apanharam, sem dó nem mazela
Hoje Patricinha quer ser Miss Favela
Mas nunca pisou o seu pé na viela
Parece pecado pobre progredir
Por isso não querem nos ver reagir
Tem aquele medo de eu retribuir
Por igual toda dor que deixaram aqui
Sofremos demais, enfim perdemos irmãos e parceiros
Várias cabeças da hora de janeiro à janeiro
Sempre tem alguém que chora
A gente é quem chora primeiro
E numa dessas sempre vai
Um que é nossos parceiros
Trutas que tão na luta conhecem a dor que carregam
Já viram a paz que acalma
Sentiram o ódio que cega
E nas quebradas sempre tem, várias mentes de mil grau
Num tenta pagar de pah se não é original
Os trutas daqui já resistem a mil anos
Sempre resistir, nossa cara meus manos
Tomamos preju, entre perdas e danos
Se o papo é sério, nós nunca brincamos
Por todos que sobreviveram: brindamos
Por todos os que nós perdemos: choramos
Por essa tal de equidade: brigamos
Por aqueles que olham por nós: olhamos
Um salve pras ruas e pros maloqueiros
Um salve pra todos que são guerrilheiros
Eu sou de Itaquera, carrego minha glória,
Então meu amigo, respeite essa história
Firmão, vivão e vivendo
Pra contar história
Pra escrever o que vê
Essa é a função do poeta, morou?
Tamo junto quebrada
Caiuby Onirejá da Silva e Souza
O/B/O DistroKid