Arnaldo Baptista voltou aos palcos em outubro de 2011 para uma turnê do show Sarau o Benedito?, tocando piano, rindo com o público, enquanto um telão exibia suas telas e desenhos. No palco, o mesmo humor sacudindo a lógica, a capacidade de tirar poesia do improvável que ele mostra desde os tempos de adolescente, no final dos anos 1960, como líder de Os Mutantes.
Na plateia, a admiração de jovens, boa parte deles garotos e garotas que só conhecem seu trabalho da Internet. É que Arnaldo Baptista fala direto ao coração dos jovens de todas as gerações pelas quais já passou – hoje, 81% de seus seguidores têm entre 17 e 34 anos.
Os mesmos que voltaram ao tempo para conferir o incomum refinamento de Arnaldo nos Mutantes e, depois, em carreira solo nos álbuns Loki? (1974); Singin’Alone(1982), no qual toca todos os instrumentos e assina a produção, Elo Perdido e Faremos Uma Noitada Excelente (de 77-78 e lançados em 88).
Sean Lennon, Kurt Cobain, Stereolab, Torloise, High Llamas, Wondermints... e dezenas de grandes músicos brasileiros: fale um nome do rock e é quase certo ser fã de Arnaldo. Seu nome virou verbete de artista genial.
Arnaldo Dias Baptista nasceu em São Paulo, 1948, filho de mãe pianista (a compositora Clarisse Leite Dias Baptista) e pai poeta e jornalista (César Dias Baptista). Em 1982, sofreu um traumatismo craniano e, a partir daí, passou a se dedicar intensamente às artes plásticas, incentivado por sua mulher, Lucinha Barbosa.
Em 1987 lançou o álbum cult Disco Voador, resultado dos rascunhos musicais deste período.
Arnaldo continuou pintando, participando de algumas exposições de arte e projetos musicais, como a compilação Give Peace a Chance (2001), um tributo a John Lennon.
Em 2004, lançou o álbum Let it Bed, produzido por John Ulhoa e listado pela revista inglesa Mojo entre os dez melhores lançamentos do ano, além de ter recebido prêmios e elogiado por críticos no Brasil.
Entre 2006-07, esteve na reunião de Os Mutantes em Londres, no superevento dedicado à Tropicália, promovido pelo centro cultural Barbican. Tocou e cantou na Europa, EUA e Brasil, em shows para até 80 mil pessoas. Em 2007, retomou sua carreira solo.
A vida e obra de Arnaldo Baptista foram relatados no emocionante documentário Loki! Arnaldo Baptista, de 2008, produzido pelo Canal Brasil, dirigido por Paulo Henrique Fontenelle e que recebeu 14 prêmios no Brasil e no exterior.
Neste mesmo ano, a editora Rocco lançou o romance Rebelde Entre os Rebeldes, escrito por ele nos anos 80.
Em 2012, Arnaldo fez sua primeira grande exposição individual, Lentes Magnéticas, na Galeria Emma Thomas, em São Paulo, que ganhou uma das maiores coberturas já vistas na mídia. “Assim como os artistas do movimento CoBra, Arnaldo trabalha de forma espontânea, experimental e com ênfase no imaginário fantástico. A expressividade através do uso de cores e texturas permeiam tanto o universo da psicodelia quanto da arte contemporânea”, comenta Juliana Freire, sócia-proprietária da Emma Thomas.
Suas telas e desenhos serviram de video-cenário para os shows de ‘Sarau o Bendito?’, uma turnê que circulou pelos palcos/eventos mais importantes do Brasil-São Paulo entre 2011-12: na Virada Cultural/Theatro Municipal de São Paulo, no MIMO/Teatro de Santa Isabel e nos clássicos teatros dos SESCs Pompeia, Vila Mariana, Belenzinho, Santos e Sorocaba. Arnaldo se apresentou, ainda, no antológico Salão de Atos da Reitoria da UFRGS. A próxima geração que o aguarde.